do blog do noblat
O adorável pequeno estrategista
Ainda é cedo para dizer que Felipe, meu neto prematuro que nasceu no último dia 22, é um espertalhão de boa cepa. Digamos (sem perder a ternura, jamais): um pequeno e adorável canalha. Mas pelo seu comportamento, começo a desconfiar que seja.
Luana, a irmã dele de pouco mais de três anos, era a rainha do pedaço familiar até Felipe nascer. E por sua exuberância, personalidade, inteligência privilegiada e precedência, parecia destinada a continuar reinando. Parecia...
O nascimento de Felipe não foi um “cheguei” com direito a um “c” maiúsculo como seria natural. Foi um estrondoso “CHEGUEI”. Ele emitiu sinais de que respirava com dificuldade tão logo foi extraído da barriga da mãe. E assim foi parar na UTI.
Pânico na família! Amigos solidários com os pais aflitos! Correntes de oração na internet! Note-se que embora tenha nascido com oito meses, Felipe media 47,5 centímetros – nada mal. E pesava 2.850 gramas – também nada mal.
Permaneceu na UTI durante oito dias. Era o maior bebê da UTI – o mais forte, o mais rosado, o que dormia melhor. De início, alimentou-se na base de copinhos de leite. Depois no peito da mãe – para alegria dela e maior conforto dele.
A certa altura, os médicos desconfiaram que ele houvesse sido infectado. Administraram-lhe antibióticos. A tensão aumentou. Descobriram, mais tarde, que não havia infecção. No quinto dia passou a respirar sem o auxílio do capacete de oxigênio.
Teria sido capaz de respirar sem o capacete, confidenciou-me um médico. Mas a custa de algum esforço. Por que submetê-lo a um eventual estresse? Bebê é alguma coisa de muito frágil. É assim, pelo menos, que os percebemos. Capacete nele, pois.
Fez uma escala técnica em um dos quartos da maternidade antes de ir para casa. E desde que foi adotou um procedimento padrão só percebido pelos mais atentos. Por exemplo: não chora por nada. Em contraste com Luana que chorava por tudo.
Se sente fome, mexe-se no berço, espreguiça-se – é o sinal. Se suja a fralda, agita-se, encolhe as pernas, faz cara feia. E é só. Se Luana está por perto, dorme – ou finge que dorme. Se ela está dormindo, Felipe acorda e monopoliza a atenção dos pais.
Passou pela primeira revisão do pediatra. Cresceu e engordou.
Luana emagreceu. Anda muito ansiosa com o irmão. Quer brincar com ele o tempo todo. E recusa-se a sair de casa para não deixar Felipe sozinho com os pais. Uma vez, pelo menos, Luana foi flagrada metendo o dedo no olho de Felipe. Que, como de hábito, não chorou. Para irritação de Luana, é claro.
Quem pede, recebe. Quem se desloca tem preferência ensinou Gentil Cardoso, técnico de muitos times de futebol. Luana pede atenção e a tem. Desloca-se com desenvoltura e é reconhecida por isso. Mas não está satisfeita. Definitivamente, não está.
Felipe, que nada pede e que se mantém quase sossegado no berço, obtém melhores resultados do que Luana. E sem reclamar. Intuo que seja um estrategista nato. Além de um sujeitinho frio e calculista – sem deixar de ser uma graça!
O futuro dirá.
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