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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Funai anuncia descoberta de tribo indígena nunca contactada por homem branco


Do Correio do Brasil

tribos
A taba indígena, utilizada para o abrigo da tribo, parece em bom estado de conservação
Pesquisadores brasileiros anunciaram, nesta quinta-feira, a descoberta de uma das últimas tribosindígenas não contactadas pela civilização ocidental, em um ponto remoto da Floresta Amazônica. Fotos aéreas reveladas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) ao canal árabe de TV Al Jazeera mostram quatro grandes construções no Vale do Javari, na tríplice fronteira com o Peru e a Bolívia. Diretor da Funai, Aloysio Guapindaia garantiu que o governo brasileiro trabalha no sentido de preservar a tribo encontrada do contato com o homem branco como forma de preservá-los de doenças desconhecidas por seu sistema imunológico.
Ainda segundo Aloysio Guapindaia, a tribo localizada pertence ao grupo linguístico Pano, difundido na região amazônica e alto Mato Grosso, onde outras tribos ainda não contactadas subsistem à exploração da madeira e de outras riquezas encontradas no solo. Até agora, ainda existem nove grupos não contactados naquela área e, em todo o país, são mais de 50 referências – sinais de sua existência em determinada região. No Estado, eles permanecem embrenhados nas matas dos municípios de Cotriguaçu, Apiacás, Aripuanã, Tabaporã, Juara, Juína, Comodoro e Colniza.
Outro sertanista, José Carlos dos Reis Meirelles, que chefia a Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, diz em um artigo publicado recentemente que já se sabia, “de antemão, da presença de madeireiras legais e ilegais explorando mogno nas cabeceiras dos rios Juruá, Envira, Purus e seus afluentes. Mas tudo de ruim que imaginava não chega nem perto da realidade. O que ocorre naquela região é um crime monumental contra a natureza, índios, fauna, além de um atestado da mais pura irracionalidade de como nós, civilizados, tratamos o mundo, casa de todos nós”.
“É preciso considerar que esses povos isolados não sabem o que é a civilização, e quando encontram algum sinal de civilização, ou atacam ou fogem. Mesmo quando fogem, acabam entrando em conflitos. O governo brasileiro e o governo peruano sabem de tudo isso, mas não movem uma palha ao menos para tentar solucionar a questão. Tudo fica nos protocolos de intenção, em atas de reuniões, em salas refrigeradas de encontros binacionais. Nada além disso. A principal causa do desmatamento na fronteira com o Peru é demanda de madeiras nobres, como o mogno, usado para fazer móveis ‘coloniais’, principalmente caixões” acrescentou.
Presentes e doenças
O velho método de contato usado por anos a fio foi deixado para trás. Nada de se apresentar, levar presentes e novos moldes culturais para os grupos isolados.
– Quando se faz isso, eles adoecem, se sedentarizam e mudam de hábitos – explicou a jornalistas o indigenista Juscelino Melo.
A Funai agora apenas observa de longe os movimentos dos indígenas, a fim de conhecer suas características e poder demarcar uma área adequada à sobrevivência do grupo. Esta é, aliás, a tentativa do órgão com os índios descobertos na serra Morena. Depois de estudar seus hábitos, o que era uma área de restrição se adequa e torna-se uma reserva indígena – em que o encontro entre brancos e índios, apesar de inevitável, é adiado ao máximo.
Não se sabe qual o parentesco do grupo isolado de Colniza com etnias das imediações. Mas tanto os índios cinta-larga quanto os arara – ambos habitantes daquela região do estado – reconheceram os artefatos recolhidos nos acampamentos como semelhantes aos que produzem. “Por enquanto, podemos dizer apenas que há grandes chances de serem um braço dos índios tupis”, apontou Melo.
Busca começou em 1999
Quando souberam que a região da serra Morena poderia abrigar um grupo indígena não contactado, funcionários da Funai organizaram a primeira expedição, em meados de 1999. O primeiro passo foi tentar extrair informações do funcionário da madeireira, o primeiro a avistar os vestígios. Mas a tentativa não vingou:
– Ele queria R$ 20 mil para mostrar onde era a área – lembrou o indigenista Juscelino Melo.
A equipe partiu então para outras estratégias. Juntou pistas informadas por fazendeiros da região, até encontrar a mesma picada que, tempos antes, havia sido aberta pelo primeiro a avistar o achado. Seguindo o rastro do trabalhador da madeireira – que perderam em muitas ocasiões – a Funai conseguiu encontrar o acampamento indígena. Isso depois de oito dias de viagem, e 160 quilômetros de trecho.
Ao final do “picadão”, os pesquisadores depararam-se com uma vigia de espera. Trata-se de uma espécie de camuflagem, usada por índios para observar a passagem de animais. À frente, encontraram dois abrigos de palha, que aparentemente acolheram um par de famílias. Mais tarde, nova dupla de malocas de palha foi descoberta, seguindo os mesmos padrões. Junto aos abrigos, uma fartura de artefatos: imensos cochos de palmeira trançada para fazer bebidas, cestos de palha, pedras de quebrar cocos, abanos, esteiras e assim por diante.
Segundo os cálculos de Juscelino Melo, as duas moradas deveriam abrigar oito pessoas. Ainda é cedo para saber se elas são os únicos indivíduos do grupo, ou uma parcela desgarrada de uma comunidade maior, que perambula pela região. Uma das características observadas pela Funai é que os índios produzem utensílios a cada novo acampamento – costume interpretado como a busca de mobilidade, em caso de fuga.
Seja qual for a hipótese, não há mais muito espaço para se locomoverem.
– Por isso, é importante preservar a área que ainda existe – observou Melo.
Os 160 mil hectares pleiteados pela Funai são ocupados por fazendas, madeireiras e poucos seringueiros, copaibeiros e coureiros, sobreviventes da decadência das três atividades.

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