PARTIR Flávio Ernani Barbizan |
Quando eu partir, queira Deus que demore, Gostaria que fosse deste jeito: Me cuidando; uma china que me adore, Me ame, me trate no maior respeito. Quando chegar a hora, e vai chegar, Queria o cusco me lambendo os pés, De todos que tive, então vou me lembrar, Nem sei se foram oito, nove ou dez. Pediria que fosse em ano par, Tenho cisma de um, três cinco e sete. E para que poucos viessem me amolar, Que chovesse punhal e canivete. Gostaria de partir devagarito, No embalo de cantigas de galpão. Bem melhor se estivesse até solito, Lavando a alma num último chimarrão. Pode até que uma lágrima apareça, Sozinha, pequena, assim num repente. Duvido muito, mas vamos que aconteça, Vou mentir, dizer que o mate estava quente. Quando eu partir, e talvez não demore, Duas coisas eu quero em meu respeito: Fui feliz, peço então que ninguém chore, E a bandeira do GRÊMIO no meu peito. Não por fora, mas por dentro, comigo, Aconchegada bem nos braços meus. Sou tinhoso, quero ver se consigo, Mostrá-la bem de perto, só pra Deus! Não carrego medo, Meu Deus, de nada. Frio, fome, sede, briga, escuridão O que me assusta um pouco é uma falhada, Neste velho e cansado coração. É uma falha pequena na verdade, Não mata, não tonteia, só atazana. É mais fraca que a dor de uma saudade, É mais forte que um raio na campana. Mas vamos que ela teime em aumentar, Tentando me levar de supetão: Perda de tempo, vou brigar, teimar, E provar que ela está na contra-mão. Por mais que eu teime, um dia vou perder, E mesmo à contra-gosto, vou partir. Fui feliz, quero à Deus agradecer E muito pouca coisa lhe pedir. Que estes meus versos, só meus netos lessem, Que tudo acabasse num dia azul. E que meus olhos azuis se perdessem, No céu azul do Rio Grande do Sul. |
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domingo, 27 de novembro de 2011
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