De Volta ao Passado

Todas as vezes que vou a Tapejara as emoçoes afloram , é como se estivessemos nos preparando para rever alguem muito querido que a muito tempo nao viamos, isto porque somos surpreendidos a cada minuto, e porque nao dizer a cada segundo. 

Nesta ultima viagem nao foi diferente. Tive a oportunidade de caminhar naquele calor escaldante (gracas  a Deus) prestando muita atencao a todas as coisas, bem como na fisionomia das pessoas pensando sera que este (a) é  do meu tempo? E repentinamente alguem diz: Voce nao e o Jango? Reconheci o Joao Machado (aquele da borracharia) agora com uma fatiota (terno Kkk) diferente. Imediatamente  a memoria é recuperada e aquele abraco guardado é dado, e uma fotografia é tirada para perpetuar aquele momento.  Assim foi com o Manoel do Agnelo, Castelinho, Dutra, Volnei, José e tantos outros. 

A Mara Rubia me convida para um cafe em sua casa e la mais surpresas, alem desta grande pessoa encontro com Joao Quaresma ( aquele da fala mansa) e a Jane. Gente, eu disse para mim mesmo parafraseando alguem; "Aguenta coracao". O Nevair vai  aonde eu estava hospedado e leva um abraco para aquele camarada que estava caindo de sono por causa da viagem. Gente isto é camaradagem, e isto é amor, isto é alguma coisa diferente.

A paisagem pode ter mudado, mas as pessoas continuam la, sempre lembrando dos filhos prodigos que se aventuraram pelos caminhos do mundo, mas sempre tem no fundo do coracao o desejo de voltar.

Obrigado gente boa.

Nao quero ser inoportuno mas, nesta viagem lembrei-me quando nos idos de 1956/1957 (faz tempo gente!!!!), eu morava num sitio da Agua da Areia e entregava leite em Tapejara, tinhamos um cavalo ja passado da idade (o unico cavalo que conheci que empacava como burro) chamado Pelissario (nao sei porque cargas d'agua deram este nome para ele). O fato è que eu cavalgava para a cidade sonhando e enfrentando os obstaculos no caminho, me sentindo como Dom Quixote montando o Rocinante e vencendo os moinhos de vento da nossa vida. Imaginacao e sonhos de garoto, vida pura e saudavel. O orvalho da manha no capim gordura cheiroso, os cafeeiros explodindo numa profusao de flores (e a colheita seria boa), um pe de mamao de corda (quem se lembra), um pé de manga frondoso, banhos de rio na Agua da Areia com sanguessuga e tudo mais. Gente. Vida vivida, vida que fez e que faz a historia.
Hoje estamos longe é verdade, mas o nosso coracao esta com o povo que permaneceu e continuou fazendo a historia de Tapejara, assim tambem com aqueles que vieram depois de nos. Agradeco a Deus pela memoria, agradeco a Deus pelos tempos de outrora, pelas pessoas que nos influenciaram com seu exemplo: Os mais chegados meu cunhado Loires, os amigos Dutra, Elias, Bebé, Roberto, (grande perda), Antonio Gomes, Toninho Rozao (de topetinho), Cimalte (sempre serio), Seu Manoel, o Fio, Mavilde, Madalena, Marlene e Maria, Vilma, Olguinha Murrer, Olguinha irma da Zeza, Maria Madeira, Vilma, Diomar e tantos outros (as) que nao consigo enumerar ( o espaco e pequeno).

Outra hora talvez testemunhe um pouco mais para levar  esta nova geracao de tapejarenses a se conscientizar que temos que preservar a nossa historia, pois é atraves dela que aprendemos, para sermos melhores cidadaos.

Mais uma vez obrigado Volnei por aplicar uma injecao de memoria em nos.

Joao Lourenço Alves, o Jango...

Hoje, Pastor Joao Alves em Toronto, Canada.

Texto extraido da Pagina"Tapejara na Linha do Tempo" do Amigo Volnei Lopes da Silva.